O défice da participação política e cívica, bem como o da militância partidária, torna urgente a realização de um conjunto de reformas que restitua a confiança à Política e ao papel das instituições democráticas.
Em situações de crise a Política deve ser um instrumento de coesão e de mobilização dos cidadãos no esforço colectivo para vencermos os difíceis desafios com que nos deparamos.
Recordo que a cinco dias das eleições presidenciais foi publicada uma sondagem de opinião, encomendada pelo think-thank Projecto Farol, que demonstrava a desconfiança generalizada dos portugueses na classe política. De acordo com o estudo, 94% dos portugueses dizem não confiar na classe política, 90% nos Governos, 89% nos partidos políticos e 84% na Assembleia da República.
Os partidos políticos têm de funcionar com maior transparência e criarem mais espaços para a participação dos militantes, como é o caso da elaboração das listas de candidatos a deputados à Assembleia da República. Ao analisarmos a forma como são seleccionados estes candidatos surgem várias interrogações sem resposta: quais são os critérios que estão subjacentes à elaboração das listas de deputados dos partidos políticos? Porque é que uma determinada pessoa é escolhida e outra preterida? Quem faz a avaliação de um candidato? Quais são os critérios e quem os define?
Neste quadro de referência proponho que os partidos políticos desenvolvam, rapidamente, mecanismos que estimulem a participação dos seus militantes na escolha dos candidatos a deputados.
Um Partido que pretenda liderar os destinos do País tem de ser inovador nas soluções e nos processos de decisão política que oferece aos cidadãos. Assim, em vez de atirarem as culpas para cima do “sistema”, nomeadamente com o adiamento da reforma do sistema político, comecem a fazer o trabalho de casa e a construir propostas que aproximem os cidadãos dos partidos políticos.
O Primeiro de Janeiro, 6 de Abril de 2011
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