quarta-feira, 27 de julho de 2011
O marketing tem as costas largas.
O marketing tem as costas largas. Se um político faz uma promessa e não cumpre, a culpa é do marketing. Se uma empresa apresenta uma proposta comercial com um determinado beneficio que depois não se verifica, a culpa é do marketing.
O marketing está na moda. Esta pode ser uma das razões que explica a confusão à volta da definição desta ciência e do contributo que pode dar ás empresas e à sociedade em geral. O conceito de marketing não é claro para as empresas nem para os cidadãos. Ora está associado às questões comerciais ora à comunicação.
Defendo que a principal explicação para este fenómeno é a necessidade que todos temos de inserir um conceito numa das nossas “gavetas cognitivas”.
Kotler, Armstrong e Saunders (com os quais concordo), definiram o marketing como “a função que identifica as necessidades e desejos dos consumidores, determina quais os mercados alvo que poderá servir melhor e cria os produtos, serviços e programas apropriados”.
Com base nesta definição poderemos admitir que uma empresa com orientação de marketing é capaz de vender os seus serviços ou produtos porque consegue identificar (por exemplo através de estudos de opinião) e apresentar soluções que vão ao encontro das necessidades do mercado (consumidores/ empresas). Ao tentar conhecer melhor o consumidor uma empresa estará, assim, a potenciar os seus resultados e a contribuir para uma maior satisfação dos consumidores.
Para que uma empresa seja competitiva é essencial que os bens e serviços que coloca no mercado tenham valor acrescentado. E a inovação assume aqui um papel determinante para a criação desse valor, pelo que é fundamental incutir nas empresas a necessidade de uma procura constante de novos produtos, serviços e processos, que permitam transformar o conhecimento em valor económico. A inovação só pode induzir competitividade tecnológica e industrial, estável e duradoura, se estiver orientada para aplicações e mercados concretos.
Cruzando as possibilidades oferecidas pelas descobertas tecnológicas, com a análise das necessidades de aplicações e mercados, será possível conseguir uma correcta definição de produtos e serviços. E esta premissa é valida quer do ponto de vista da sua utilização, quer do ponto de vista do seu conteúdo tecnológico.
Desta forma será produzida tecnologia com valor económico e social e com fortes possibilidade de contribuir para o desenvolvimento e competitividade de um território.
O que não nos mata, torna-nos mais fortes.
O empreendedorismo é um motor fundamental para o desenvolvimento económico e social sustentado de um país ou região, sobretudo pela sua capacidade de geração de riqueza, de criação de emprego e de valor. Contudo convém ter presente que quando se fala de empreendedorismo, é necessário falar do agente fundamental para a sua promoção, ou seja, o empreendedor.
A ignição para ser empreendedor é a atitude que se tem perante os desafios que a vida nos coloca e, simultaneamente, a capacidade para desenvolver uma cultura de inovação, alicerçada na capacidade para detectar e explorar novas oportunidades, para assumir riscos e para mobilizar os recursos necessários à concretização de uma ideia de negócio.
A adversidade económica está a modificar a forma como os portugueses encaram o desemprego e a levá-los a arriscar serem empreendedores. Em 2010 foram cerca de cinco mil os que trocaram o subsídio de desemprego e que apostaram na criação de uma empresa. Acontece que muitos destes, numa tentativa de minimizar o risco, optam por modelos de negócio já testados, recorrendo por isso ao franchising. Em grande parte dos casos, as empresas fecham porque os seus mentores não estão preparados para as exigências de uma vida como empreendedor e, ainda, pela notória ausência de inovação.
A adopção da inovação é concebida como um processo que inclui criação, desenvolvimento e implementação de novas ideias ou comportamentos. A inovação está relacionada com a capacidade de introduzir novos processos, produtos ou ideias na organização. E é aqui que o papel mediador das universidades assume aqui uma função determinante. A este propósito recordo as palavras da cientista Maria do Carmo Fonseca, proferidas na entrega do PRÉMIO PESSOA 2010: “precisamos de massificar a formação científica em Portugal, não para que todos sejam cientistas, mas para que quase todos sejam contaminados, nas suas mais diversas profissões, pela curiosidade e a ambição de ver o que nunca foi visto e fazer o que nunca foi feito”.
É ainda necessário que o erro de falhar não seja um estigma mas que seja encarado como um degrau no caminho do sucesso. Convém não esquecer que Silicon Valley é um cemitério de ideias, mas que também é isso que representa uma das suas maiores forças.
Até porque convêm não esquecer que “o que não nos mata, torna-nos mais fortes” (Nietzsche).
terça-feira, 5 de julho de 2011
Troika obriga os clubes a jogarem à porta fechada
Se analisarmos os recursos públicos que o Estado tem de afectar para que se realize um jogo de futebol entre os “três grandes” (Porto, Benfica e Sporting), concluímos que é insustentável manter este nível de despesa. Aquando da realização do último jogo de futebol entre o F.C. Porto e o S.L. Benfica comecei a escrever um artigo com o título “Troika obriga os clubes a jogarem à porta fechada” porque pensei que só com a intervenção externa é que seria possível alterar o escândalo a que todos temos assistido. Por falta de tempo acabei por não escrever o artigo. Contudo as recentes, e louváveis, decisões da Assembleia Geral extraordinária da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, realizada no passado dia 27 de Junho, motivaram-me a regressar a este assunto.
Com certeza concordará comigo que não faz sentido que a realização de um jogo de futebol coloque em risco a segurança de pessoas e bens, quer no interior, quer no exterior e imediações dos complexo desportivos, bem como, alterações da ordem pública, principalmente as que são motivadas pelas rivalidades entre as claques e os adeptos das equipas.
Recordo que no final da Taça de Portugal a PSP teve de impedir que os adeptos entrassem no estádio com adereços, tendo inclusive informando os adeptos que, no caso de existir “confusão entre eles”, iria agir com determinação. Para este jogo o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa destacou um conjunto de efectivos de várias unidades e divisões:
Divisão Policial da área em patrulhamento apeado, auto e à civil,
Equipas de Intervenção Rápida
Unidade Especial de Polícia
Divisão de Investigação Criminal
Divisão de Trânsito
Equipas de Inactivação de Engenhos Explosivos e Segurança em Subsolo
Unidade Metropolitana de Informações Desportivas
Infelizmente este jogo não foi uma excepção. Em todos os jogos que envolvem os “três grandes” as autoridades policiais tem de montar um dispositivo que permita garantir a ordem pública e que, entre outras acções, inclui o acompanhamento das claques desde a cidade de origem até ao local de estacionamento dos autocarros e depois até ao Estádio através de uma caixa de segurança (!). No caso dos jogos entre o F.C. Porto e o S.L. Benfica são mais de 600 kms de “acompanhamento”.
Recordo, ainda, que no jogo entre estas duas equipas realizado em Abril os títulos dos jornais do dia seguinte foram unânimes ao afirmar que se tratou de uma “Batalha Campal”. Pois fique a saber que se tratou da maior operação policial de sempre num jogo de futebol em Portugal, tendo sido destacados 800 agentes, várias dezenas de veículos e um helicóptero.
Ridículo.
Na última assembleia geral extraordinária os clubes de futebol profissional deram um importante passo para alterar esta situação ao aprovarem um conjunto de normas que são um sinal de responsabilidade e serenidade para todos os adeptos que gostam de ir aos estádios, como é o meu caso. Assim, e a partir da próxima época, um clube cujo adepto ou simpatizante tenha provocado, por arremesso de objectos, e que obriguem esse jogo a estar interrompido mais que cinco minutos, serão punidos de imediato com a realização de um a três jogos à porta fechada. Em segundo lugar, os clubes decidiram penalizar fortemente as declarações contra elementos da equipa de arbitragem desde a sua nomeação até à hora do jogo. A penalização para esta infracção subiu cinco vezes.
Louvável.
Um sonho de 280 hectares
O novo governo já tomou posse pelo que é oportuno apresentar contributos para a governação.
Um dos desafios que se coloca a Portugal é encontrar ideias inovadoras e criativas nos domínios da sustentabilidade e, simultaneamente, conseguir exporta-las para o resto do mundo. A minha proposta é fazer da Petrogal, em Leça da Palmeira, uma área de investigação, produção, comercialização e capacitação de projectos inovadores que contribuam para o desenvolvimento sustentável.
Esta proposta incluí a criação de um centro de alta tecnologia em energias renováveis, ou seja, um centro com produção de energia solar, eólica, ondas, biomassa e microgeração, mas também de investigação e desenvolvimento com aplicação directa em espaços dedicados ao ensino, à habitação, à indústria, ao comércio e ao lazer. Um ecossistema inovador que cônjuge todas estas valências de uma forma integrada e sustentável. Temos 280 hectares com um enorme potencial para criar um centro de referência mundial na área das energias renováveis.
São várias as vozes que ao longo dos anos se tem manifestado contra a permanência da Petrogal em Leça da Palmeira, entre as quais o Arquitecto Alcino Soutinho que, não há muito tempo afirmou, “já não faz sentido a permanência da refinaria da Petrogal em Leça da Palmeira”. Inclusive já foi proposto um referendo à população sobre a continuidade da refinaria no concelho de Matosinhos. Naturalmente foram muitas as vozes contra esta possibilidade, o que é facilmente justificado pelo facto de existirem muitas famílias que dependem da Petrogal.
De qualquer forma o que é relevante é que sejam discutidos cenários alternativos à situação actual e que a população do concelho de Matosinhos tenha a oportunidade de participar nesse processo.
Infelizmente só são considerados cenário alternativos quando acontecem acidentes na refinaria, como foi o caso do fatídico ano de 2007. Na altura foi prometido, nomeadamente pelo Presidente da Câmara de Matosinhos, que parte do investimento de 600 milhões de euros que a Galp iria fazer na refinaria de Leça da Palmeira fosse aplicada no controlo das emissões atmosféricas. A verdade é que, enquanto cidadão do concelho de Matosinhos, não recebi nenhuma informação sobre este investimento, nem tão pouco sobre o impacto que as emissões atmosféricas da Petrogal (e já agora da Jomar e das descargas no Porto de Leixões) têm na população do concelho de Matosinhos. Será que é exigir muito?
De qualquer forma fica a proposta para a reflexão das partes interessadas.
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