quarta-feira, 23 de março de 2011

Voluntariado Político




Os partidos políticos são organizações chave na nossa democracia. São o espaço por excelência onde os cidadãos podem apresentar, debater e escolher ideias e soluções.
Precisamos assim de acabar com a ideia de que ´eles´, os políticos, são os responsáveis por todos os males e ´nós´, os cidadãos, as inocentes vítimas.
Acredito que a prática de voluntariado político poderá ser uma das possíveis respostas para aproximar os cidadãos da política. Mas, mais do que argumentos, apresento cinco exemplos de voluntariado político.
Comecemos pelos Orçamentos Participativos. Esta ideia propõe um novo modelo de governação da cidade que convida os cidadãos a intervirem em parte do orçamento de uma comunidade. É uma prática de democracia directa e voluntária que já funciona em mais de 15 órgãos autárquicos, inclusive na Câmara Municipal de Lisboa onde já vai na 4.ª edição e com uma dotação anual de cinco milhões de euros.

O segundo exemplo é a candidatura Cidadãos por Lisboa. Recordo que em 2007 realizaram-se eleições intercalares para o Município de Lisboa e, apesar das doze candidaturas concorrentes, ouve 62,6% de abstenção. Esta candidatura, liderada por Helena Roseta, foi a quarta mais votada e conseguiu obter 10,2% dos votos, um resultado superior ao obtido pelo CDS e pelo PCP.
Mais recentemente tivemos a surpreendente candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República. Sem apoios partidários conseguiu mobilizar cidadãos anónimos e uma excelente equipa de voluntários e obter 593.142 dos votos.

E porque não ensinar política às crianças (8 aos 14 anos)? Jorge Sampaio, ex-Presidente da República, provou que é possível. Escreveu O meu livro de política com respostas a questões simples e com o objectivo de despertar o interesse pelo exercício da cidadania junto dos cidadãos que vão decidir o futuro. Porque o fez? Por dever cívico.
O último exemplo de voluntariado político é o movimento Adere, Vota e Intervém dentro de um Partido. O seu promotor, João Nogueira Santos, acredita que se não participarmos nos partidos políticos acabamos por ser governados pelos menos habilitados.

Estes “gritos de cidadania”, no seu conjunto, deixaram uma herança, implementaram ideias transformadoras, permitiram promover a democracia e a participação cívica, e contribuíram para a apresentação de propostas que influenciaram o comportamento dos políticos, a agenda, as decisões e a própria representação eleitoral.

Mas há sempre alguém que não quer participar. Que arranja desculpas e que opta por desperdiçar o potencial do seu contributo. Acredito que não é o seu caso pelo que fico a aguardar o seu testemunho de voluntariado político, das suas acções de intervenção comunitária realizadas de forma desinteressada e que contribuíram para melhorar a organização e o comando da sociedade.

Celso Guedes de Carvalho
1 de Março de 2011

Sem comentários:

Enviar um comentário