segunda-feira, 16 de maio de 2011
A culpa é do Governo?
O título deste artigo não é novidade nenhuma mas serve para resumir alguns casos de más práticas na gestão de serviços públicos e privados, e demonstram que a culpa “só morre solteira” porque deixamos que assim seja.
Portugal já só consegue financiamento externo e com taxas acima dos 10%. Recordo que foi o próprio Ministro das Finanças a afirmar que era insustentável recorrer a financiamentos acima dos 7%. Estamos, com dificuldade, a tentar obter um empréstimo de 80 mil milhões de euros para pagar os compromissos já assumidos. O governo pediu a demissão e a Assembleia da República foi dissolvida. Dia 5 de Junho temos eleições.
Face a este cenário era expectável que ganhássemos juízo, que acordássemos para a dura realidade e corrigíssemos o rumo. Infelizmente os sinais não são animadores.
Começou com a tolerância de ponto. Tolerância quer dizer que ninguém vai trabalhar…conceito estranho. E assim foi, sobretudo na administração pública que existe para servir os cidadãos. Vem isto a propósito da minha tentativa frustrada de, durante 5 dias (no último fim-de-semana prolongado), ir a uma piscina municipal.
Estes equipamentos são geridos por empresas municipais, essa coisa estranha que foi criada para gerir melhor os activos dos municípios e que acabam por replicar o que de pior tem a administração pública. Na quinta-feira só funcionaram da parte da manhã e sexta-feira, sábado, domingo e segunda estiveram fechados. Recorri então aos operadores privados, julgando eu que ao menos estes precisavam de clientes. Mas enganei-me. Fiz cinco tentativas e apenas consegui encontrar dois ginásios (com piscina) abertos ao sábado (os restantes dias estavam fechados). Num dos casos pediram-me € 15 euros por duas horas de utilização (para mim e para o meu filho de dois anos), e um outro que me ofereceu um dia gratuito de utilização.
Um outro episódio, igualmente interessante, aconteceu-me quando tive que recorrer à urgência de um Hospital Privado e, na recepção, assisti a um telefonema surreal. Uma cliente estava a pedir ao recepcionista que lhe indicasse o caminho para o Hospital. Nada mais simples, pensei eu. Mas não. O recepcionista achou que não fazia parte das suas funções dar indicações sobre a melhor forma da cliente se dirigir ao Hospital e, desta forma, contribuir para pagar os ordenados dos funcionários que estavam ao serviço. Face ao pedido da cliente o funcionário limitou-se a dizer: “quando chegar ao Marquês pergunte como chegar até aqui”. E desligou.
Suspeito que esta também deve ser uma daquelas empresas que atribui aos outros o facto de não terem clientes.
Somos rápidos a exigir os nossos direitos e muito lentos a cumprir os nossos deveres. Somos rápidos a atribuir as culpas aos outros e muito lentos a assumir as nossas responsabilidades.
É por estas e por outras que não saímos da “cepa torta” e que chegamos ao absurdo de termos que ser governados por outros.
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